1. Caso estuda e em terapia
Um homem de 32 anos chega ao psiquiatra com a queixa principal de estar deprimido desde que rompeu com a namorada há duas semanas. Explica que, embora a ame, terminou o namoro porque sua mãe não a aprova e não permitiria o casamento. Diz que não consegue ir contra a mãe porque ela "cuidou de mim todos esses anos". Afirma que jamais seria capaz de cuidar sozinho de si mesmo sem a mãe e oscila entre ficar com raiva dela e sentir que "talvez ela saiba o que é melhor" Morou toda a vida em casa, exceto durante um se-
mestre que passou na universidade. Voltou para casa no final do semestre por não aguentar a saudade e não retornou mais. Não relata perda de apetite, de concentração nem de energia.
O paciente afirma que seu desempenho profissional é "adequado" e que não tem problemas relacionados ao trabalho. Está empregado em uma empresa de contabilidade há vários anos, mas continua em um cargo em nível de iniciante.
Diz que recusou promoções no passado porque sabe que "não conseguiria supervisionar ninguém nem tomar decisões por outras pessoas". Tem dois amigos íntimos desde a infância, com os quais conversa quase todos os dias por telefone e sem os quais "se sente perdido". Os resultados de seu exame do estado mental são normais, exceto por revelar humor deprimido (embora o afeto tenha a variação completa).
Qual é o diagnóstico mais provável?
2. RESPOSTAS PARA O CASO
Transtorno da personalidade dependente
Resumo: O paciente é um homem de 32 anos que está deprimido desde que rompeu com a namorada há duas semanas. Não apresenta sinais nem sintomas vegetativos de depressão maior. Depende excessivamente da mãe para tomar decisões importantes e ainda mora em casa. Embora se saia bem no trabalho, tem recusado posições melhores porque exigiriam que assumisse responsabilidade por outras pessoas. Também parece ser muito dependente de alguns amigos íntimos.
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3. Diagnóstico e tratamento
Transtorno da personalidade dependente.
Melhor tratamento: Em geral, terapias projetadas para o insight ajudam.
Terapia comportamental, treinamento da assertividade, terapia familiar e terapia de grupo também se mostraram úteis para determinados pacientes.
Farmacoterapia pode ser usada para tratar sintomas específicos, como ansiedade e depressão, conforme surgirem. Contudo, indivíduos com esse diagnóstico raramente seguem tratamento porque o transtorno em si é egossintônico.
4. ANÁLISE
Objetivos
1. Reconhecer o transtorno da personalidade dependente em um paciente.
2. Familiarizar-se com as recomendações de tratamento apropriadas para os pacientes que sofrem desse transtorno.
5. Considerações
Esse paciente apresenta o que parece ser um padrão global de uma necessidade excessiva de ser cuidado. Precisa que os outros assumam a responsabilidade por ele e não discorda deles por medo de perder seu apoio. Sente-se desconfortável e "perdido" quando está sozinho e não acredita que seja capaz de se cuidar. Falta-lhe autoconfiança e não inicia atividades. Teme ser obrigado a cuidar de si mesmo.
6. ABORDAGEM
Transtorno da personalidade dependente
DEFINIÇÕES
IDEALIZAÇÃO: Mecanismo de defesa pelo qual o indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores atribuindo aos outros qualidades positivas exageradas.
Por exemplo, uma mulher abusada e negligenciada pelo marido afirma enfaticamente:
"Ele é a melhor coisa que já me aconteceu".
FORMAÇÃO REATIVA: Mecanismo de defesa pelo qual o indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores substituindo comportamentos, pensamentos ou sentimentos inaceitáveis para ele por outros totalmente opostos. Por exemplo, uma mulher que está muito zangada com o marido por ter tido um caso extraconjugal prepara-lhe um delicioso jantar e age de maneira carinhosa.
SOMATIZAÇÃO: A expressão de dificuldades psicológicas como queixas físicas.
A somatização é considerada uma forma de regressão, pois ser capaz de verbalizar os problemas em vez de transformá-los em queixas físicas é considerado um passo progressivo. Por exemplo, uma mulher que está perturbada pela morte de seu gato desenvolve uma dor de cabeça intratável.
Alterações propostas para o DSM-5: O DSM-5 propõe uma nova definição dos transtornos da personalidade e como eles são classificados. O grupo de trabalho recomendou a revisão de níveis de funcionamento, tipos de personalidade e traços de personalidade. Os traços de personalidade mais importantes no transtorno da personalidade dependente serão subserviência, ansiedade e insegurança da separação.
7. ABORDAGEM CLÍNICA
Os pacientes com transtorno da personalidade dependente têm uma necessidade dominante de ser cuidados por outras pessoas e contar com elas para receber apoio emocional. São dependentes e submissos e não se sentem bem sozinhos. Temem ser deixados sozinhos, pois não se acreditam capazes de cuidar de si mesmos, e isso leva a um comportamento de "grudar-se" a outras pessoas. Preferem fazer coisas para os outros e têm dificuldade de iniciar projetos próprios e de discordar dos demais.
A dependência é um fator evidente em vários transtornos da personalidade, incluindo os transtornos da personalidade histriônica e borderline. Entretanto, nesses transtornos, os indivíduos em geral dependem de uma série de pessoas. Os pacientes com transtorno da personalidade dependente tendem a "grudar" em uma única pessoa, como um dos pais ou o cônjuge, em uma relação de longo prazo. Também têm tendência a ser menos lábeis e evidentemente manipuladores do que aqueles com transtorno da personalidade histriônica ou borderline. Os indivíduos com agorafobia podem ser dependentes, mas o comportamento dependente não costuma começar antes de se iniciarem os ataques de pânico ou a ansiedade - portanto, não existe um padrão global e vitalício de dependência.
O transtorno da personalidade dependente, como todos os transtornos da personalidade, é difícil de tratar. Os pacientes podem reagir bem a grupos de apoio psicossocial diante da
perda de seus sistemas habituais de apoio. A psicoterapia psicodinâmica de longo prazo pode ajudar, mas a maioria deles não tem nem a motivação nem o insight necessários para o sucesso no tratamento.
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