A segunda função do medo é ser pedagógico, porque nos leva a respeitar o limite do outro. Se não existisse medo, não haveria possibilidade de convivência comunitária e não haveria respeito pelos limites do outro. Vou dar um exemplo: um grupo tomou o poder no Brasil e se considerou acima do bem e do mal. O resultado foi a maior corrupção que já aconteceu na nossa história. Com o ressurgimento da liberdade de imprensa e com o Poder Judiciário em pleno funcionamento, restabeleceu-se o medo que leva ao respeito à lei. O que é im-punidade? É não ter medo. Não tem medo, não tem limite.
As consequências disso na vida da gente são muito claras. No relacionamento, o medo é muito importante porque, se eu invadir o limite do outro, vai haver uma sanção. Filho, por exemplo, ao contrário do que muita gente acredita, precisa ter medo. Precisa ter noção de limite. Precisa sentir e saber que a infração às normas tem consequências. Não se propõe uma educação de pessoas submissas, que jamais afrontem as regras propostas. Mas também não se propõe uma geração que pense que pode afrontar as normas sem nenhuma consequência.
Devemos ser responsáveis por nossos atos. E o medo das consequências desses atos é pedagógico. Poderíamos levantar a dúvida: até que ponto a inconsequência social, que é tão destrutiva para nossa Pátria, não tem sua origem numa geração que não conheceu limites em casa, que não sentiu medo
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