Os psicanalistas se interessam muito pelo que eles chamam a "neurose do fracasso" Pensam que certos números de indivíduos apresentam um gosto para o fracasso ou um medo do sucesso. O sentimento de não merecer determinado êxito, o sentimento de culpa em relação à vitória explicam, segundo eles, esses fenômenos de anuência ao fracasso. Aliás, essa teoria tornou-se bastante popular, em particular no mundo do esporte, onde se fala não raro do "medo de ganhar" de tal ou qual campeão.
Mas existem outras
explicações, e algumas referem-se à autoestima. Constatou-se, por exemplo, que
pessoas com baixa autoestima "se reconhecem" mais na derrota do que
na vitória, nem por isso chegando a vibrar com tal situação. É o que nos disse
uma paciente: "As vezes, tenho a impressão de que me sinto mais segura com
o fracasso; pelo menos, estou habituada com ele, não há surpresas, fico como
que tranquilizada." A teoria mais interessante que explica esse
comportamento é a da autodesvantagem." Ela diz simplesmente que não se
preparando para um revés importante, ou escolhendo sistematicamente objetivos
muito difíceis, procura-se não a autopunição, mas apenas cuidar da autoestima!
Tomemos o caso de um
estudante que não se preparara para uma prova. Não fazendo as revisões
necessárias, ele se entrega a uma bela manobra de autodesvantagem. Com que
objetivo? Ora, em caso de fracasso, ele sempre poderá dizer: "É verdade,
me dei mal, mas foi porque não me preparei o suficiente." Ao fazer isso,
não é sua competência pessoal global (da qual depende sua autoestima) que se
acha em jogo, mas sim sua falta de organização... O mesmo estudante pode também
falar consigo mesmo da seguinte maneira (embora esse tipo de estratégia seja
mais inconsciente): "Se eu me esforçar ao máximo mesmo assim fracassar,
isso deixará claro que não possuo valor; mas se fracassar por não ter feito
mesmo força para vencer, minha derrota será atribuída a essa falta de esforço e
não à minha incompetência."
Uma pessoa que raciocina
dessa forma deve ter baixa autoestima, pois antecipa mais a derrota do que a
vitória. A autodesvantagem é uma estratégia frequentemente utilizada no caso de
baixa autoestima.
Que fazem as pessoas com
alta autoestima? Elas antecipam mais a vitória do que a derrota. E usam o mecanismo
da autodesvantagem não para se protegerem contra o fracasso, mas para aumentar
o próprio mérito em caso de êxito. Voltemos ao nosso estudante, mas imaginemos
agora que ele é uma pessoa com alta autoestima. O que acontecerá se não revisar
as matérias de estudo? E se - como ele próprio deve estar acreditando, já que
tem autoestima alta - ele tem sucesso nas provas? Ora, seu prestígio sairá
engrandecido: "Me dei bem sem precisar estudar."
Notemos que o recurso
declarado à estratégia da autodesvantagem pode ser então uma forma de
esnobismo: leva-se os outros a acreditar que a pessoa não alimentou a
possibilidade de um fracasso senão na esperança de retirar daí um mérito ainda
maior. É um exercício de estilo muito prezado por certos indivíduos com alta autoestima.
Parece-nos, aliás, que essa
estratégia acha-se desenvolvida de forma anormal na França e nos países
latinos, onde se valoriza muito a vitória pelo talento, ou pela inspiração,
mais do que pelo trabalho paciente. É socialmente melhor para a autoestima ser
um, aluno talentoso do que um aluno aplicado. Estudantes anglo-saxões, por
exemplo, procurarão enganar menos a realidade: não tem vergonha o resultado de
confessar que penaram bastante para alcançar um resultado específico.
Quando se utiliza a autodesvantagem?
1.NA ALTA AUTOESTIMA - Para
aumentar a autoestima em caso de sucesso (limitar os ganhos).NA BAIXA
AUTOESTIMA - Para proteger a autoestima em caso de fracasso (limitar as perdas)
2. NA ALTA AUTOESTIMA - Para
proteger a autoestima em caso de fracasso (limitar as perdas). NA BAIXA
AUTOESTIMA -Nas situações em que o fracasso é antecipado
3. NA ALTA AUTOESTIMA - Em
momentos de excitação. NA BAIXA AUTOESTIMA - Em momentos de apreensão
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