As pessoas se atrapalham um pouco com essa história de frustração. Para muita gente, frustração é sinônimo de doente. Fulano é um frustrado, não devo frustrar meus filhos, não posso me frustrar. Isso é besteira. Frustração não adoece.
Causa, isso sim, uma dor, que pode ser maior ou menor, dependendo da compensação que eu tenho. Se consigo uma boa compensação, não dou bola para a minha frustração.
Por exemplo: uma das coisas raras na minha vida, assim como na de tantas pessoas, é a chamada noite livre, chegar do trabalho cansado e não fazer nada. Na minha profissão de engenheiro e depois de psicanalista trabalhava a noite. Como psicanalista, fazia terapia - o que me obriga as vezes a trabalhar depois das seis horas da tarde, quando meus pacientes já pararam de trabalhar e me frusto, ah poderia esta com a família . E não me lembro de nenhuma noite livre em que não houvesse pelo menos dois filmes interessantes em cartaz para ver. O que acontece! Compro bilhete entro no cinema assisto o filme e me frusto, ah! Deveria ter visto o outro!
Vou pra casa abro a Netflix ou outro aplicativo e não vejo nada que me interesse, fico chateado, el me frusto. Vou ver o jogo do meu time e meu time perde, me frusto.
Se vou para o restaurante, pego o cardápio e tenho de escolher de novo. Se peço o prato certo, tudo bem. Se não, posso continuar frustrado.
O caminho é sempre esse: impulso, consciência moral, angústia, frustração, compensação. Esse é o problema cristão do pecado: quando você peca, você dá a vitória para o impulso e tem uma frustração consciente chamada arrependimento. O que não nos ensinam é que, quando não pecamos, temos a mesma frustração com o mesmo nome: arrependimento.
Vamos pegar o exemplo do pudim de leite inteiro. Uma paciente em analise está fazendo um regime e fica com muita vontade de comer um pudim de leite inteiro. O conflito está estabelecido. Então, ela peca, e come o pudim. Neste caso ela Tem uma compensação grande de curta duração e um arrependimento de longa duração. Mas ela pode não pecar: não comer o pudim inteiro, assim ela tem um arrependimento grande de curta duração e uma compensação de longa duração. Ou seja, se ela come o pudim inteiro, ela tem prazer e arrependimento; se não come, tem arrependimento e prazer, ambos os arrependimentos medidos em gramas.
Do pudim inteiro à mulher do próximo é o mesmo mecanismo. Se dou a vitória ao impulso, a compensação é grande, mas de curta duração, e o arrependimento, de longa duração. Se dou a vitória à consciência moral, a frustração é grande, e a compensação de longa duração. Nada vai evitar essa tragédia. Eu trabalho há mais de 15 anos em psicanálise , de segunda a sexta, das nove da manhã às nove da noite, observando pessoas que tentam achar um jeito de optar sem perder. E nunca consegui achar uma que tenha sido bem-sucedida. Não tem jeito.
Vista assim, a vida parece de uma simplicidade incrível.
E seria, se esse fosse o único conflito do ser humano. Acontece que esse é apenas o conflito consciente. No inconsciente, existe outro conflito, que se estabelece entre os mesmos impulsos e uma consciência moral inconsciente - o superego.
A baixa tolerância à frustração
A frustração é um sentimento de impotência, uma resposta emocional que emerge quando certos desejos e expectativas não podem ser cumpridos. Junto com a raiva, a frustração é uma das emoções humanas mais comuns. Se não aprendermos a geri-la e, eventualmente, superá-la, teremos como resultado um sentimento estável de decepção.
Não poder resolver sentimentos de frustração pode causar desmotivação e abandono de todas as metas e projetos em qualquer plano da nossa vida. Claro, a vida em si não é fácil e a capacidade de controlar os contratempos que o destino nos depara exige paciência, caso contrário, o que seria de nós se ao primeiro sinal de frustração “jogássemos a toalha”?
Por que é importante aprender a tolerar as frustrações?
Como qualquer outra emoção, a frustração tem que ser controlada e canalizada de uma forma positiva, de modo que a pessoa seja capaz de enfrentar as dificuldades e constrangimentos que o dia-a-dia lhe apresenta.
É importante lembrar que a própria frustração é um sentimento passageiro, um estado de incerteza que não nos define como pessoas. Devemos entender que passar por uma situação frustrante não significa fracasso, e que desenvolver uma tolerância à frustração envolve um processo de aprendizagem que começa desde a infância e nunca termina
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