AUTOESTIMA OU AUTOESTIMAS? Alguns estudiosos julgam que a autoestima é de fato a soma de várias autoestimas, específicas em diferentes domínios, que podem funcionar de maneira relativamente independente umas das outras.
Por exemplo, pode-se ter boa autoestima no domínio profissional e não tão boa em matéria de vida sentimental. De acordo com as circunstâncias e os interlocutores, o sentimento de valor pessoal pode então variar de forma considerável. "Em meu trabalho", explica um engenheiro de 40 anos, "sou um profissional reconhecido, mas minha vida particular é um pouco fracassada. Assim, quando estou em meu ambiente profissional, sinto-me bem, sei que tenho qualidades e que sou valorizado como tal. Não hesito em dar opiniões, às vezes contra as dos outros. Sei defender minhas ideias. Sinto-me à vontade para conhecer novas pessoas, clientes ou colegas. O contato é fácil e me sinto digno de interesse. Mas, fora desse contexto, tudo se torna mais duro. E percebo isso já pela minha maneira de andar, de falar, de olhar. Fico menos à vontade. Tenho a impressão de não ser inteiramente a mesma pessoa. Tenho mais necessidade de ser tranquilizado, tomo menos iniciativas, corro menos riscos. Fico inclusive sem saber se estou mesmo despertando o interesse das mulheres que me agradam. Quando falo com elas, vigio suas reações, achando em geral que elas estão mortas de tédio comigo."
Para a maioria das pessoas, entretanto, um sucesso ou um fracasso em determinado domínio terá mesmo assim consequências nos outros. Uma decepção amorosa acarretará no indivíduo rejeitado ou abandonado um sentimento de perda de valor pessoal global. Ao contrário, um êxito em um domínio dará quase sempre um empurrão positivo na autoestima. O escritor ítalo-americano John Fante descreve como um moço de 18 anos, de origem modesta e pouco aquinhoado pela natureza, chega a enaltecer particularmente seu braço esquerdo - o "Braço" -, que faz dele um excelente jogador de beisebol, aumentando sua autoestima ameaçada em outros setores: "O Braço me permitia ir para a frente, este querido braço esquerdo perto do meu coração (...], este membro santo e bendito que Deus me deu; e se o senhor tinha-me criado a partir de um pobre pedreiro [trata-se de seu pai], ele me dera um verdadeiro tesouro colando esta maravilha à minha clavícula."
Em contrapartida, para outros estudiosos, é impossível compartimentar a autoestima: é difícil ter boa autoestima em um domínio sem que isso não exerça ação positiva no domínio vizinho. Inversamente, uma autoestima medíocre em um setor alterará necessariamente nosso nível global de autossatisfação. A autoestima não pode ser entendida senão como um olhar global sobre si mesmo(a). Se esse olhar é benevolente e positivo, ele nos fará minimizar nossos defeitos e permitirá que tiremos proveito de nossas qualidades. Vejamos o que Laurence, uma enfermeira de 28 anos, diz: "É verdade que eu não sou nenhuma beleza, gostaria de ser mais bonita, não vou obrigar ninguém a pensar o contrário. Mas sei que posso agradar, tenho outras qualidades: sou engraçada, não muito burra, otimista. E vejo que as pessoas me apreciam. Então, pouco me importa se na rua os homens não ficam se virando para me olhar."
Ao contrário, uma autoestima enfraquecida pode nos tornar muito severos com nós mesmos, apesar dos êxitos, e revelar-se um grave obstáculo à felicidade. "Tenho a impressão de haver corrido toda a minha vida atrás de alguma coisa inacessível", diz um médico de 48 anos. "Fui um adolescente complexado, mas achava que, tendo sucesso nos estudos, eu ganharia autoconfiança. Assim que me formei, quis ser residente e depois chefe de serviço hospitalar. Consegui, pois coloquei nisso todas as minhas energias: era um objetivo muito importante para mim, pois eu queria convencer-me de que tinha valor. Mas hoje, como ontem, continuo duvidando e não me sinto em paz comigo mesmo. Invejo sempre colegas mais à vontade do que eu durante as reuniões de médicos, ou que me parecem mais brilhantes em seus trabalhos científicos. Depois, digo a mim mesmo que essa corrida em busca do sucesso me fez negligenciar minha mulher e meus filhos. Isso me provoca remorsos, e duvido ainda mais de mim. Talvez eu não tenha feito as escolhas que me teriam tornado feliz."
Em suma, Na realidade, a autoestima é composta por três "ingredientes": o amor a si mesmo(a), a visão de si mesmo(a) e a autoconfiança. A boa dosagem de cada um desses três componentes é indispensável para a obtenção de uma autoestima harmoniosa. ESSES três componentes da autoestima entretecem geralmente laços de interdependência. vejam os artigos individuais - amor a si mesmo; a visão de si mesmo e a autoconfiança
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