quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Pais bons são desnecessário! Ou pais bons são necessários?


"O homem que sofre antes de ser necessário sofre mais que o necessário”, Sêneca

“ Bons pais são  aqueles que vão  se tornando desnecessários com o passar do tempo”.  A primeira vez que ouvi  uma expressão parecida com esta foi no curso de gestão de pessoas, o professor começou a palestra com a frase: "O bom gerente é aquele que se ausenta e tudo continua funcionando como se ele estivesse lá!". Isto começou a fazer sentido para mim quando trabalhei com os meus comandados fazendo eles entender o papel de cada um, nos processos da empresa. Apesar de ter entendido o que significa o gerente desnecessário é necessário, recentemente a frase " país desnecessário é necessário" soou estranho a uma mãe paciente no meu consultorio.

Expliquei! Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural paterno e materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha interna hercúlea, confesso, terão que enfrentar.

Quando os pais  começam  a esmorecer na luta para controlar a supermãe e o superpais  que todos temos dentro de cada um de nós, lembro da frase, hoje absolutamente clara.  "Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessário". Antes que alguma mãe ou pai  apressados venham me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isto.

Ser 'desnecessário' é não deixar que o amor “incondicional” de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e interdependentes, prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.

A cada fase da vida, os pais devem ir cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados( pais e filhos) acontece, porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo tem que permanecer até  o dia em que os filhos se tornem adultos, constituam a própria família e recomeçam o ciclo.

O que filhos precisam é ter certeza de que os pais estão lá, firmes, na concordância e na divergência, no sucesso ou no fracasso, com peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. 

Pai e mãe – solidários – criam filhos para serem livres e interdependentes. Esse é o maior desafio e a principal missão.

Pais devem aprender a ser desnecessários, buscando se  transformar em porto seguro para quando os filhos decidem atracar.

Pegando esse gancho, digo sempre aos meus pacientes - principalmente as mamães -  “Mamães Angustiadas pela Autonomia dos Filhotes” que quando esquecemos de parar de sermos mães, nossos filhos se afastam de nós…eles precisam pensar com suas cabeças, cometer seus próprios erros e acertos!

Convenhamos, é muito chato uma mãe eterna no nosso pé…precisamos reconhecer, aliás com muito orgulho que eles, os nossos filhos crescem, se tornam autônomos, e muito melhores que nós, Graças a Deus!

 Em suma como diz o texto, "é sinal de que os pais fazem um bom trabalho, quando percebem que estão sendo dispensados e desnecessários. É hora de descansar e curtir a turma de preferência à distância…

Lembrem-se pais , muito melhor ser solicitado que “oferecidos”.

Certa vez um senhor pediu-me ajuda como terapeuta, pois não sabia o que fazer com um sobrinho, filho único, cuja mãe veio a falecer há pouco tempo. Um jovem de 18 anos, totalmente dependente, não queria estudar, colaborar, nem trabalhar… sua mãe o educara assim, com tudo à mão e à boca…nunca soubera antes o que seria fazer algo útil e construir seu futuro. O jovem sobrinho estava desarmonizando toda a sua família de três filhos que por serem todos independentes, estudiosos, trabalhadores e responsáveis, não aceitavam o primo ocioso em sua casa.

Ao ouvir o relato de minha paciente, deparei-me com um outro paciente pedindo ajuda porque seus três filhos, não precisam mais dela, ela as vezes se acha inútil pois  são  totalmente independentes, apesar de ser bem formados moralmente e intelectualmente… e fui fundo: se você  morrer agora não deixará nenhum filho desamparado ou sob a responsabilidade de algum parente…diga meu Deus como sou feliz! A única falta que sentirão de mim será afetiva, emocional!

O problema maior foi fazer está mãe resignificar o conceito de "ser necessário". Com a TERAPIA  ela começou a ter  uma profunda gratidão à vida, a Deus e um tremendo orgulho da mãe que  foi um dia, quando eles necessitam de uma estou lá! Hoje continua a distância! Quando sou solicitada sou a primeira a chegar! Caso contrário fico na minha, assisto à distância o desenrolar de suas vidas com muitos acertos, com inúmeros erros mas que eles “tiram de letra”, com muito mais competência que eu faria, se estivesse em seus lugares. 


Pais que, apesar dos filhos já serem adultos e estarem casados, sentem-se responsável por conduzir a vida dos filhos e assumir despesas e responsabilidades deles, pode gerar uma família disfuncional e continuam entendendo que são necessários,

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