"Conhecemos assim as duas
origens do sentimento de culpa; uma que surge do medo da autoridade, e outra,
posterior, que surge do medo do superego. A primeira insiste numa renúncia às
satisfação instintiva; a segunda, ao mesmo tempo em que faz isso, exige punição,
uma vez que a continuação dos desejos proibidos não pode ser escondido do
superego" Freud, S , p.179
Para Freud, o medo da autoridade externa
corresponde ao medo que os filhos sentem do pai. A renúncia que realizam se
converte em fonte de consciência direcionada para o nascimento do homem
racional. Mas quando se trata do medo do superego, que é uma autoridade
interna, apenas a renúncia não é suficiente, pois o desejo continua vivo e não
pode ser escondido do superego. Ou seja, essa renúncia é incapaz de libertar do
sentimento de culpa que persiste , que é consequência do desejo proibido,
tornado- se fonte permanente de
sofrimento. No livro ego e ide, Freud nos fala de pessoas que se comporta de
uma maneira muito peculiar a análise. Quando é dada alguma esperança de cura a
esses pacientes, espera-se que haja uma melhora, mas eles se mostram
descontente e seu estado se torna pior. Chega-se à conclusão de que esses indivíduos,
além de não suportarem qualquer elogio, reagem inversamente ao progresso do
tratamento, seus sintomas se acentuam e suas moléstias pioram, ao invés de
melhorarem. Esse fenômeno foi nomeado por Freud com reação terapêutica
negativa.
"Ao
final, percebemos que estamos tratando com o que pode ser chamado de fator
moral, um sentimento de culpa que está encontrando sua satisfação na doença e
se recusa a abandonar a punição do sofrimento. Devemos estar certos em encarar esta
explicação desencorajadora como final" Freud, S, p.62.
O sentimento de culpa se expressa, pois,
como uma resistência do paciente a cura, cuja superação é extremamente difícil,
dada a inviabilidade de se convencer o paciente de que é o seu sentimento de culpa que o torna enfermo.
O paciente de Freud, em sua reação terapêutica negativa, pode ser analogamente
comparada aos indivíduos comuns na sociedade de massas contemporânea, que tem
seus sentimentos de culpa exacerbado pelas exigências que lhe são imposta pela
sociedade.
Ao examinar este ponto culpa e também a
preocupação, dois pontos fracos, que você
tem, você começará percebendo o quanto eles estão ligados; de fato, podem ser
encarados como os dois eixos da mesma zona. Ou seja, a culpa quer dizer que você
inconscientemente você não que sair dele, logo tem comportamento passado,
enquanto a preocupação é o estratagema que o mantém imobilizado no presente em
função de alguma coisa futura - quase sempre alguma coisa a qual não tem
controle. Pode-se ver isso claramente ao
tentar pensar em si próprio sentindo-se culpado de uma acontecimento que ainda deve ocorrer,
ou preocupando-se com algo que já aconteceu.
Embora uma reação vise ao futuro e a
outra ao passado, ambos servem ao propósito
idêntico de manter a pessoa aborrecida ou inerte no seu momento presente.
Você vê exemplo de culpa e preocupação
por toda parte, praticamente em todas pessoas. O mundo está cheio de gente que
se sente muito mal quando algo que não deveria ter feito, ou apavorada com o
que pode ou não acontecer. Você, provavelmente, não é uma exceção. Se tem
grandes zonas de preocupação e culpa, elas devem ser exterminada, desinfetadas
e esterizadas para sempre. Elimine de uma vez esses percevejozinhos de preocupação
e de culpa que infestam tantas áreas da sua vida.
Culpa e preocupações representam,
talvez, as formas mais comuns de angústia em nossa cultura. Com culpa, você focaliza
um fato passado, e como consequência deprime-se ou muitas vezes fica irritado em função de algo que fez ou disse, e estraga
seus momentos presentes ocupado com sentimentos que dizem respeito a um
comportamento anterior. Com a preocupação, você gasta a toa esse precioso
momento de agora obcecado por um evento futuro. Quer esteja olhando para traz,
quer olhando para frente, o resultado é o mesmo. Esta jogando fora o
momento presente.
Não
é a experiência de hoje que enlouquece os homens. É o remorso por algo que
aconteceu ontem( Culpa), e o temor do que o amanhã pode revelar( ansiedade) .
passado_culpa__________________presente_________________ansiedade_futuro
Referências
bibliográficas
Freud,
S. Obras psicológicas completas de Freud, tradução Jaime Salomão, Editora
Standart brasileira, imago, Rio de Janeiro, 1996.
Freud,
S. Além do princípio de o prazer, Editora Standart brasileira, imago, Rio de
Janeiro, 1996.
Freud,
S. O ego e o Ide, tradução Jaime Salomão, Editora
Standart brasileira, imago, Rio de Janeiro, 1996.
Freud,
S. Psicologia de grupo e análise do ego, Tradução Jaime Salomao Editora Standart brasileira, imago, Rio de
Janeiro, 1996.
Freud,
S. O mal estar da civilização, tradução Jaime Salomão,
Editora Standart brasileira, imago, Rio de Janeiro, 1996
Jose Valter Rodrigues Lima
Psicanalista Clinico e Mestre Psicanalise Aplicada à Saude e a Educação
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