" As neuroses são geradas não só
por experiências individuais incidentais, como também pelas condições culturais
específicas em que vivemos [...]. É um destino individual, por exemplo, ter uma
mãe dominadora ou que se sacrifica, mas é somente em condições culturais
definidas que encontramos mães dominadoras ou que se sacrificam" . - Karen
Horney
"Tudo que você quer está do outro lado do
medo" - George Addair
"O Que te preocupa, te
domina" - Jonh Luke
"Desejo que
você
Não tenha medo da vida, tenha medo de
não vivê-la.
Não há céu sem tempestades, nem
caminhos sem acidentes.
Só é digno do pódio quem usa as
derrotas para alcançá-lo.
Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas
para irrigá-la.
Os frágeis usam a força; os fortes, a
inteligência.
Seja um sonhador, mas una seus sonhos
com disciplina,
Pois sonhos sem disciplina produzem
pessoas frustradas.
Seja um debatedor de idéias. Lute
pelo que você ama." - Augusto Cury
Diz-se que as pessoas aprendem pela
experiência e, em geral, isto é verdade. A experiência e a melhor e talvez
único e verdadeiro professor. Mas quando esse aprender está inserido no âmbito
da neurose de alguém, a regra parece não ser aplicável. A pessoa não aprende
pela experiência; ao contrário, repete o mesmo comportamento autodestrutivo
vezes e vezes seguida. Vejam exemplos de alguns casos abaixo:
Caso 1
João I é um homem que sempre se
encontra em condição de ajudar os outros. Responde com grande solicitude quando
alguém o procura buscando ajuda. Posteriormente, sente-se usado e fica
ressentido porque não acredita que a pessoa por ele ajudada apreciou
devidamente sua dedicação. Volta-se contra quem prestou assistência e decide
ser menos disponível e mais crítico em relação às solicitações de ajuda que
receber da próximas vez. Porém quando sente que existe alguém em dificuldade,
oferece seus serviços, inclusive antes de ter sido requisitado pensando que
desta vez o resultado será diferente. Mais uma vez, porém, acontece como antes.
Essa pessoa não aprende, porque seus préstimos têm uma qualidade compulsória.
Sua ajuda é levada ajudar por força que escapam a seu controle.
Caso 2
Maria I, em seus relacionamentos com
homem, assume um papel maternal. O efeito desta postura é infantilizar o homem
e privar-se de sua realização sexual. Esta talvez interrompa a relação
sentindo-se usada e ludibriada, culpando a imaturidade e a fraqueza do homem
pelo fracasso do vínculo. Da próxima vez, diz, escolherá um homem que consiga
ficar de pé por si mesma , e não precise mais de mamãe. Mas a vez seguinte
acaba sendo como as outras. Um estranho destino parece impeli-la para as
próprias situações que está procurando evitar. Ela é levada a bancar a mãe de
seus parceiros, por força desconhecida em sua personalidade.
Os dois casos apresentados são as
pessoas apresentam comportamentos neuróticos. O caso 1( João I ), uma parte de
sua personalidade quer ajudar , uma outra não. Se ajuda, sente-se ressentido;
se não ajuda, sente-se culpado. Esta é uma típica armadilha neurótica da qual
não há como sair, exceto refazendo os passos que levaram a mesma. Existe um
conflito inconsciente a exemplo do caso 2 ( Maria 1). Maria 1, apresenta um
conflito inconsciente que lha subjaz. Seu conflito está entre o seu desejo de um relacionamento
sexual satisfatório e saudável com um homem, e o medo desse mesmo
relacionamento. Para ela bancar a mãe é uma tentativa de superar sua ansiedade
sexual, pois isso lhe permite negar a si mesma o medo de entregar-se, render-se
a um homem. Agindo como mãe, sente-se necessária e superior.
Outro caso que poderá fazer você
entender o caráter neurótico de uma pessoa descreveremos abaixo:
Caso 3 ( Maria II )
Maria II tinha grande dificuldades
para estabelecer um relacionamento com um homem. Maria II quando encontrava
alguém por quem sentia-se atraída, adotava uma atitude excessivamente crítica.
Enxergava todas as fraquezas e defeitos
dele, rejeitando-o. Não é difícil ver que a atitude exageradamente
crítica de Maria II é uma defesa contra
o temido perigo de ser ela mesma rejeitada. A sua defesa é proteger-se,
rejeitando o homem primeiro. Mas saber disso também não ajuda muito. A causa de
seus medos está além de seu controle. Para ajudá-la, um terapeuta precisa
conhecer que forças em sua personalidade
ditam seu comportamento. Uma observação que podemos adianta-la e que seu
comportamento só alterava quando sentia atraída. Com os outros era uma pessoa
solicita, amistosa,descontraída e bom relacionamento. Em suma, o processo
psicoterapeuta identificou que a grande dificuldade de Maria II só aparecia
quando ela nutria algum sentimento especial pela pessoa. Ela não conseguia
suportar esta sensação; era por demais dolorosa e, por isso, fugia da situação.
Através da análise é possível
descobrir o que aconteceu com essa pessoa, quando foi criança, para criar este
problema. A análise identificou que Maria II, quando criança, sofreu rejeição e
está rejeição lhes causou uma dor tão
avasaladora que ela precisou guarda-la a sete chaves para poder sobreviver, ela não tinha como se defender a não ser
reprimir. Maria II obstrui seu coração
para que não sentisse dor tão intensa e agora não ousa desobstruir- lo. Amar é
abrir o coração e Maria l tem medo de fazê-lo por causa da dor que isso
implica. Para para Maria II, o conflito ( neurose) ocorre entre o seu desejo é
o medo de amar.
O que torna tal conflito neurótico é
a repressão que a pessoa executa sobre o elemento negativo. Assim, o homem
(João I ) prestativo nega seu ressentimento quando lhe pedem que o ajude; a
mulher (Maria I) que banca a mãe nega seu medo de sexo, e a pessoa ( Maria
II) exageradamente crítica nega a sua
capacidade de amar. Essas pessoas são
incapazes de encarar sua dor e a raiva à qual a dormitar surgimento, a
pessoa neurótica esforça-se por superar seus temores, ansiedades, hostilidades
e raiva. Uma parte de si mesma procura sobrepujar outras, o que dilacera a
unidade do ser e destrói sua integridade. As pessoas neuróticas esforça-se para
vencer a si mesma, que certamente fracassará. É o fracasso é inaceitável e não
sabem que a aceitação do fracasso podem torna-se livre da neurose.
Lembramos que saber dos
comportamentos não resolve o problemas, é preciso uma análise mais profunda
pois sua resposta neurótica e seus medos estão
além de seu controle.
Segundo Alexander Lowen, a neurose
não é, costumeiramente, definida como medo da vida mas é exatamente isso. A
pessoa com esta característica tem medo de abrir seu coração ao amor, teme
estender a mão para pedir ou para agredir; amedronta-a ser plenamente si mesma.
Quando abrimos o coração ao amor, ficamos vulneráveis ao risco da mágoa; quando
estendemos os braços à frente, nos arriscamos à rejeição; quando agredimos, há
a possibilidade de sermos destruídos.
Vida ou sensações de maior intensidade do que aquelas a que a pessoa está habituada é algo perigoso
pois que ameaças inundar o ego, ultrapassar seus limites, liquidar sua
identidade. É assustador sentir mais vitalidade, ter sensações mais intensas.
Às vezes sensações intensas e boas é assustador e gera medo, e o processo se
torna neurótico. Viva intensamente o momento, deixe o passado e não olhe o
futuro.
Trabalhei com um jovem rapaz cujo
corpo estava bastante destituído de vitalidade. Era tenso e contraído, os olhos
estavam sempre amortecidos, respiração sufocante. Seu corpo tornou-se mais vivo
com alguns movimentos terapêuticos de respiração. Seu olhos começaram a
iluminar, sua respiração ficou mais continua e ainda disse: estou sentindo
minhas pernas, meu corpo está mais leve. Ele concluiu. "Doutor é vida demais!
Não consigo aguentar".
Na verdade o relato acima, em certa
medida mostra que todos nós estamos na mesma situação. Queremos nos tornar mais
cheio de vida, sentir mais, e dessa forma temos medo de sentir vida e de viver.
Nosso medo da vida se espelha em nossa
maneira de nos mantermos ocupados a fim de não sentirmos, de ficarmos na
correria, não nos encararmos de frente, de nós alcoolizarmos ou drogarmos a fim
de não sentir o nosso ser. Por sentirmos o medo da vida , procuramos
controlá-la, dominá-la. Acreditamos que é ruim ou perigoso sermos levados de
roldão por estas emoções. Que tem medo de viver admira as pessoas frias, capaz
de agir sem sentimentos. Nosso herói é James Bond, um agente secreto que não
erra. A ênfase de uma pessoa que tem medo é de não ser uma pessoa e sim uma
pessoa de sucesso. O lema é: faça mais, sinta menos. Esta atitude caracteriza
grande parte da moderna sexualidade: mais atuação, menos paixão.
Independente de quão bem nos saímos,
como pessoas somos um fracasso. Acredito que a maioria de nós sinta o fracasso
em si mesmo. Temos percepção apenas nebulosa da dor, da angústia, do desespero
que jazem somente a milímetro da superfície. Mas estamos determinado a superar
nossas fraquezas, dominar nossos temores, conter nassas ansiedades. Eis por que
são tão populares livros a respeito de auto-aperfeiçoamento, ou do tipo Como
fazê-lo, as demais mais. Infelizmente estes esforços estão fadados a a
fracassar. Ser uma pessoa não é algo que se possa fazer. Não é um desempenho.
Talvez temos que dar uma parada para termos tempo de respirar e sentir. Talvez
percamos a dor neste processo e se tivermos coragem para aceitá-lo, também
sentiremos prazer. Se pudermos encarar nosso vazio interior , encontraremos um
preenchimentos. Se pudermos atravessar nosso desespero, descobriremos a
alegria. Talvez precisamos de ajuda para este empreendimento terapêutico.
Será destino do homem moderno, ser
neurótico, ter medo da vida? Sim, se por um homem moderno definirmos o membro
de uma cultura cujos valores predominante sejam o poder e o progresso. Uma vez
que são estes os valores que assinalam a cultura ocidental no século vinte,
decorre que toda pessoa criada na mesma é neurótica, sim.
O neurótico está sempre em conflito
consigo mesmo. Parte do seu ser está tentando sobrepujar uma outra parte. Seu
ego está tentando dominar seu corpo; sua mente racional, controlar seus
sentimentos; sua vontade, supera medos e
ansiedades. Apesar de este conflito ser em grande parte de sua extinção ser
inconsciente, seu efeito consiste em esvaziar a energia da pessoa e destruir
sua paz de espírito. Neurose é um conflito interno. O caráter neurótico assume
muitas formas, mas todas elas envolvem uma luta, no interior da pessoa, entre o
que ela é e o que acredita que deva ser. Toda pessoa neurótica é prisioneira
deste conflito.
A pergunta é! Como surge um tal
estado de conflito interno? Por que o homem e a mulher moderna padece deste conflito? No caso
individual, a neurose emerge no bojo de um contexto familiar. A situação
familiar, contudo, reflete a cultural,
pois a família está sujeita a todas as forças da sociedade da qual faz parte.
Para entendermos a condição existencial do homem e da mulher moderna e
conhecermos seu destino, devemos investigar as fontes de conflito de sua cultura.
Com alguns conflitos de nossa cultura
estamos familiarizados. Por exemplo, falamos em paz, mas nós preparamos para a
guerra. Defendemos a conservação ecológica mas, exploramos os recursos naturais
com vistas ao lucro. Estamos comprometido com metas de poder e progresso e, no
entanto , desejamos prazer, paz de espírito, estabilidade. Não nos damos conta
que de que poder e prazer são valores opostos e que o primeiro exclui o
segundo. O poder desencadeia, inevitavelmente, o conflito pela posse, o qual com
frequência coloca pai contra filho, irmão contra irmão. É uma força divisível,
dentro de uma comunidade. O progresso denota uma atividade constante que leva à
mudanças do velho em novo, devido à crença de que o novo sempre é superior ao
velho. Embora isto possa ser verdade em alguns casos ( na área técnica ), como
crença é perigoso. Disto decorre que o filho é superior ao pai é que a tradição
é somente o peso morto do passado. Existem culturas nas quais prevalece outros
valores, nas quais o respeito pelo passado e pela tradição é mais importante do
que o desejo de mudar. Nestas culturas, são minimizados os conflitos, é rara a
neurose.
Referência
1.Organização Mundial de Saúde (2008) Classificação Internacional de Doenças 10a edição. http://
2. Zimmerman, 1994,
3. DSM-IV, 1994,
4. transtorno de personalidade dependente
- http://www.mentalhealth.com/home/dx/dependentpersonality.html
5. Ansiedade , FREEMAN, Daniel
6. Fobia e Panico, TRINCA, Walter
7. Psicoterapia de Orientacao Analitica, ELZIREK,Claudio L.
8. Psicoterapia e Semiologia dos Transtonos Mentais, DALGALARRONDO, Paulo
9. Manual de Tecnica Psicanalitica, Zimmerman
10. Psicologia, DAVID G.MYERS
11. Medo da Vida, Alexander LOWEN
12. Meus tempos de ANSIEDADE, SOTT STSSEL
José Valter Rodrigues Lima
Psicanalísta Clínico e Mestre em Psicanálise Aplicada à Educação e Saúde