Como
tudo começa?
Os americanos os chamam “helicopter parents”, pais helicópteros. São
aqueles pais que, silenciosamente, vigiam à distância os seus filhos, quando brincam, quando interagem com os outros, quando
escolhem o que irão vestir naquela manhã. Aqueles pais que, se nos olharmos
sinceramente no espelho, teremos grande chance de vê-los
refletidos. “Nos tornamos tão
obcecados pela segurança que, já de
cara, privamos nossos filhos da possibilidade de assumir riscos e de pagar
pelas suas consequências, tanto a nível físico quanto emocional”, explicou a psicóloga social Hanna Rosin, autora de um artigo sobre crianças superprotegidas, recentemente publicado na prestigiosa
revista The Atlantic.
O Dr. G. Stanley Hall, notável psicólogo americano, afirmava que "ser superprotegido ou
ser filho único é, em si mesmo, uma doença". Esta afirmação tão radical poderá ser considerada com muita porcentagem de verdade a nível psíquico. A nível socioeconômico, tem a vantagem dos pais concentrarem no filho único os seus recursos de tempo e especialmente de
dinheiro, tornando-lhe tanto quanto possível a caminhada existencial demasiadamente fácil, tornando-o freqüentemente egocêntrico, caprichoso. Parece possuir tudo, toda a
superproteção e apoio material, mas, à medida que cresce, instala-se no seu
íntimo um vazio, uma sensação de não
saber que rumo tomar. Fica inquieto e insatisfeito e tende a maltratar,
principalmente o pai.
Superproteção é
dar à criança o que ela não necessita, e as conseqüências são
tristes. Em regras gerais, a criança mais inteligente cria um anseio premente de independência e libertação, que a conduz a caminhos desencontrados da sua real
necessidade. O menos inteligente, mais amedrontado, que não vivencia tão fortemente a rebeldia, acomoda-se, anula-se e segue dependente, inseguro
e permanentemente angustiado.
As mães frustradas sentimentalmente, afetivamente solitárias, separadas ou mães solteiras fixam-se no filho, ou
filhos, como propriedade. Fazem isso porque é o que elas têm para minimizar a solidão de amor.
Por vezes a filha é bem
pequena, na sua infância
ainda, e a mãe comete o absurdo de torná-la sua confidente, contando suas frustrações de mulher e
criando um mundo de culpas contra o pai.
O filho ou filha única suporta todas as cargas, e tendo tudo. Mas,
normalmente nunca tem uma infância própria, e na adolescência continua vivendo em função da
problemática mãe
solitária ou queixosamente doente, quase
sempre não dormindo preocupado com o que pode acontecer. Simultaneamente há a desastrosa superproteção, em que a criança nada tem que ajudar, porque está tudo feito, não há responsabilidade de tarefas, há um controle ansioso, um cuidado excessivo que tira da
criança a oportunidade de crescer. Então, o jovem mais tarde
tenta fugir.
O filho superprotegido,
na adolescência ou até mesmo na vida adulta pode tornar-se indolente, exigente,
inseguro, mascarado e com atitudes de arrogância, pouco responsável, egoísta, sem defesas psíquicas e sempre fixado especialmente na mãe como
referencial seguro onde se pode acolher. Pode, e acontece freqüentemente, tornar-se um adulto insatisfeito, complexado,
infeliz e facilmente sujeito à neuroses depressivas (todas estas situações são
de análise com base na psicanálise sistêmica.
O que acontece com estes adultos
crianças?
"É incrível como as fêmeas humanas tem uma dificuldade estratosférica de lidar com a culpa”.
A sistemática
é
a seguinte: Quando elas estão erradas, primeiro negam até o fim até que as provas sejam apresentadas e seja inegável a culpa, depois disso, visto que não tem mais jeito,
choram e choram, mas admitir o erro mesmo, só quando está tudo caindo sobre suas cabeças, e mesmo assim ainda tem um "mas", sempre
tem um "mas".
Nunca estão erradas por completo, sempre tem outro culpado que não
sejam a própria egolatria.
E com esse ciclo vão se
tornando sociopatas sem coração que "mentem que nem sentem".
E de quem é a culpa disso? Eu diria, que depois da culpa da própria pessoa, secundariamente a culpa disso é das mães e dos pais que as superprotegem independente se
estão certas ou erradas. Por isso quando chegam à idade
adulta, ou perto disso, não estão preparadas para as consequências das suas
escolhas erradas que fazem aí ficam jogando a culpa pros outros. É tipo aquela frase to Homer: "A culpa é minha eu jogo em quem eu quiser".
Mas a vida real não é assim.
Pais e mães, mulheres são
frágeis realmente, mas quando
superprotegidas tem grandes tendências a se tornarem monstros sociopatas e ególatras, e altamente nocivas tanto pra sociedade quanto
pros futuros namorados/maridos! Não façam isso.
Na criação do sexo
masculino os pais não cometem tão recorrentemente esse erro, mas também cometem em muitos casos, principalmente quando o filho é único, a criação segue esse mesmo ritmo da criação da
mulher, e a regra também é valida pra esses.
Quando os filhos estão certos tem que defender mesmo, agora quando estão
errados, tem que que mostra os erros e se necessário
puni-los.
"Determinação e competência para planejar (não só desejar e ganhar como foi na infância e adolescência) e fazer acontecer: essa é a
característica que faltou ser
estimulada e desenvolvida, na maioria das vezes, nesse homens e
mulheres"
As mulheres das últimas três décadas tiveram e têm muita energia de superação: cuidam
da casa, educam filhos, estudam, trabalham, e ainda têm se desenvolvido
para serem companheiras interessantes, mas muitas ainda estão amadurecendo... cada uma no seu ritmo e
no seu tempo. Muitas ainda correm para casa dos pais, quando as
dificuldades aparecem em seu casamento e seus problemas são mal resolvidos pois
o mecanismo de defesa ( fixação e regressão ) utilizado é fixado na criança
superprotegida. Simplesmente busca a proteção dos pais, notada nas mães!
É esperado que o homem
ao tornar-se pai, assuma com responsabilidade a missão de criar, sustentar e
educar seu filhos. Ele é preparado
e educado para iniciar e crescer na vida assumindo responsabilidades: contas a
pagar, a família e a realização de metas de sobrevivência e de
crescimento.
Desenvolver essa
estrutura fazia dele um representante bem criado da masculinidade, pois nem se
contava tanto com a possibilidade homossexual. Mas, independente da orientação
homo ou heterossexual, esse filho estava pronto para assumir a própria vida e até no futuro auxiliar os pais que envelheceriam.
Mas os tempos de fartura
e a melhora de condições de vida provocaram muitas mudanças nas famílias de classe média e media alta. Mudanças nem sempre positivas, pois hoje colhemos frutos nada
saudáveis dessa fartura em muitas famílias e na estrutura psicossocial e sexual de muitos
filhos.
Muitas famílias no desejo de desempenhar uma excelente paternidade e
demonstrar amor, se autoafirmavam socialmente oferecendo o melhor a seus
filhos, sem estabelecer para eles uma relação custo-beneficio. Ou seja, sem
criar condições para que os ‘presentes’, ’prêmios’ ou
‘benefícios’ fossem
adquiridos.
Em muitos desses casos,
esses pais também não impunham condições, não davam para esses filhos a responsabilidade e referência de cuidar bem
e preservar suas "conquistas". Isso estimulava a visão de que tudo
poderia ser adquirido sem muito esforço ou sacrifício e que tudo era descartável, ‘se estragar a gente repõe’.
Imagine isso acontecendo
com crianças e jovens em
pleno mundo de abertura às novas tecnologias: antigamente Atari, depois
Playstation, Wii, computadores, tablets... E isso tudo somado a outros mimos
oferecidos pelos pais como: moto, carro, roupa de grife, tênis de marca,
dinheiro para sair, viajar ... Enfim, um vidão!
Quem não gostaria de ter
tanto prazer e regalia?
Mas paralelamente a esse
universo, associa-se um outro fator: filhos homens, muito mais estimulados a
atividades físicas - esportes de
lazer e não com espírito
competitivo ou de dedicação – são pouco estimulados a atividades que exijam foco e
concentração. Isso pode fazer com que prazeres imediatos e que exijam pouca
determinação e dedicação sejam o foco de suas atividades.
E os estudos?
Alguns filhos com mais
habilidades intelectuais podem seguir bem, talvez abaixo do seu potencial real,
mas seguem. Outros com algum tipo de dificuldade ou com menos facilidades podem
desistir de estudar ou ir para um colégio mais fácil, faculdades menos puxadas, sempre fugindo frente às dificuldades ou
minimizando as possíveis
concorrências.
Esses pais também costumavam (e costumam) impor poucos limites, notas,
desempenho, continuidade... Isso poderia significar que seu filho não era tão
bom e pais que têm medo de não serem amados costumam exigir menos.
E aí como
fica a vida adulta desses filhos(as) ‘superprotegidos(as)’?
Afinal, eles foram
criados com seus desejos facilmente atendidos, com poucos estímulos para conquistas e com a sensação de que seus
desejos se transformavam em uma ordem magicamente realizada.
Quem vivenciou todas as
condições mencionadas pode se tornar um adulto com baixa autoconfiança, imaturo(a) para as competências e concorrências que a vida
exigirá
dele(a). Às vezes um ‘reclamão’ que
se sente injustiçado, ou
que nunca tem maturidade para levar adiante um negócio, um emprego. Eles proclamam ao mundo o quanto os
outros sempre são traiçoeiros, injustos e exigentes. Fica à espera
de ser bem tratado, ajudado, e quando isso não ocorre, vive o papel de vítimas, de coitados.
Determinação e competência para planejar (não só desejar e ganhar como foi na infância e adolescência) e fazer acontecer: essa é a
característica que faltou ser
estimulada e desenvolvida, na maioria das vezes, nesse homem e mulheres.
No caso especial do
homem, sexualmente podem se tornar homens inseguros e até desenvolver dificuldade de ereção. Homens inseguros,
ansiosos e temerosos têm mais chances de desenvolver quadros secundários de ejaculação precoce; outros podem desenvolver fetiches ou
fantasias sadomasoquistas. Desenvolver segurança e autoconfiança para o sexo também requer a sensação de: “eu sou capaz!”
Afetivamente esses
homens vivem com frequência o papel do ‘bonzinho’, são carinhosos, divertidos, ‘prestativos’ e atenciosos.
Dificilmente conquistarão mulheres que
exijam deles uma atitude pró-ativa. Mulheres competitivas ou impetuosas não conseguem conviver muito
tempo com esse homem ‘bonzinho’, mas pouco pró-ativo.
Mas como vivem poucos
sucessos, cativam em algumas pessoas o afeto filial de: ‘o cara que não tem muita sorte e que precisa ser ajudado, apoiado’.
Poucos avaliam a
inconsistência da maioria de suas atitudes pró-ativas na vida e no trabalho, ou suas eternas atitudes
de ‘espera’: espera de um bom
emprego/salário, espera de um
bom negócio, espera de bons clientes, espera de apoio familiar,
espera da ‘Mega Sena’, espera da sorte...
Na profissão?
Após uma
sequência de insucessos no trabalho, adultos que foram
superprotegidos podem se tornar depressivos, derrotistas, ou podem se tornar
adultos que se acomodam no papel de vítima, e mais que acomodados, alguns não admitem adequar
seu padrão de vida ao seu ganho, pois na sua imaturidade e vaidade; merecem ser
atendidos nos prazeres, mesmo nunca tendo efetivamente feito coisas no sentido de
conquistar esse crescimento.
Muitos passarão a vida
como dependentes, dependem da empresa do pai, da mesada, da aposentadoria do
pai, dos bens, da herança... E
esses pais inutilmente sustentam esses fracos egos com a ilusão de que estão ajudando-os, mas de fato muitas vezes esses pais são
reféns de um sentimento de culpa. Eles
se questionam onde erraram, mas também acreditam que esse filhos são ‘coitados’ e continuam ajudando, ou melhor, protegendo.
Pais de filhos adultos
podem e devem orientar, estimular, apontar caminhos, mas nunca se
responsabilizar ou efetuar a conquista (nem pagar a conta!) por eles. Como
popularmente se diz, estimule o melhor dele, ensine a pescar, não dê o peixe!
Como romper essa dinâmica
incapacitante?
Para nascer é necessário cortar o cordão umbilical, nascer é sofrido, respirar dói, mas é a única forma de entrar no ciclo da vida. Para sair dessas
relações dependentes, é necessário sair da acomodação do útero familiar. Enganam-se aqueles que consideram isso ajuda, pois cada filho
precisa aprender a viver sua competência e a sobreviver dela.