quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O que faz com que uma pessoa se torne um narcisista destrutivo?


Abordagem psicanalíticas do paciente narcisista


A busca por paciente com indícios de transtorno de personalidade é cada vez mais frequente, em consultórios de psicoterapeutas e psicanalistas. O que representa um grande desafio para estes profissionais. Dentre os casos o de maior complexidade são aqueles pacientes que apresentam posição narcisista. Isto se deve, em parte, ao fato de vivermos em uma cultura com característica crescentemente narcisistas. Esta cultura que predomina o uso da imagem e da ação em vez da reflexão para lidar com ansiedade é um incentivo exagerado ao consumismo e ao culto ao corpo, entre outros aspectos da chamada pós-modernidade.

Posição  Narcisista: Características Clínicas


O narcisismo não constitui por si só uma patologia, ele é um integrador e protetor da personalidade e do psiquismo.
Lewknowicz (2005) fala-nos que estamos vivendo em uma cultura com características crescentemente narcisistas; onde há um predomínio do uso da imagem de ação em vez da reflexão para lidar com a ansiedade e um incentivo exagerado ao consumismo e ao culto ao corpo.

Nos pacientes com posição narcisista há uma exagerada preocupação com a aparência; pequenos defeitos físicos são intensamente valorizados. Apresentam uma necessidade exagerada de serem amados e admirados, buscam elogios e se sentem inferiores e infelizes quando criticados ou ignorados.
Têm pouca capacidade para perceber os outros, levando a vida emocional superficial. Há inclusive uma forte dificuldade de formar uma verdadeira relação terapêutica.

Como o Mito do Narciso, o paciente com esse tipo de posição  constrói sua sensação de engrandecimento da auto-estima através de uma intensa desvalorização, rejeição e abandono dos objetos. É sobre a base dessa rejeição que o organismo se estrutura. (Lewkowicz, 2005).

Mas o que é ser narcisista ou ter posições narcisista? Penso que o Mito de Narciso pode esclarecer! Segundo a versão mais conhecida ( Brunel, 1988), quando Narcisista nasceu, seus pais consultaram Tiresias, o advinha cego, sobre o futuro da criança, e este lhes respondeu que o menino viveria longos ano, desde que não se conhecesse. Narciso cresceu e tornou-se um rapaz muito belo, admirado e cortejado por inúmeras ninfas e mortais. No entanto, rejeitava a todas e permanecia insensível ao amor. Certo dia, aninha Eco enamorou-se dele e o seguiu apaixonadamente, mas sem lhe falar, condenada que estava, por castigo de Hera, a repetir palavras alheias. Narciso a desprezou como já fizera com outras - " retire estas mão que enlaçam. Antes morrer do que me entregar a você" - e o pobre Eco secou de tristeza e acabou morrendo. Outra ninfa , porém, igualmente rejeitada, pediu ajuda a Nêmesis, a deusa da justiça, para punir a frieza de Narciso, amaldiçoando-do de modo que ele amasse e não obtivesse o objeto de seu amor. Em um dia de muito calor, Narciso aproximou-se de uma fonte para saciar a sede e, ao debruçar-se, viu a sua imagem e dela se enamorou. Seduzido pela própria beleza, esqueceu-se de comer e dormir e logo passou a definhar. Ao dar-se conta de que estava apaixonado por se próprio, desejou morrer, indiferente ao mundo. 

Narcisismo saudável em contraposição ao narcisismo destrutivo

O narcisismo saudável baseia-se na auto-estima relativamente sólida, capaz de resistir às frustrações diárias. Precisamos de auto-estima para defendermos nossas opiniões, relacionarmo-nos de maneira saudável e inspirarmos a confiança das pessoas. Uma auto-estima saudável nos ajuda a nos comprometermos com ideais e valores e a sermos capazes de nos importarmos com outros indivíduos. Já a falta de auto-estima leva o    indivíduo a desprezar e invejar os outros e, às vezes, a desenvolver uma auto-imagem grandiosa a fim de esconder sua fragilidade.

Narcisismo destrutivo limita a capacidade de relacionamento 

O narcisismo destrutivo pode parecer um grau extremo do narcisismo saudável, mas esse fato não é verdadeiro. Embora tanto o narcisismo saudável quanto o destrutivo criem uma autoconfiança aparente, são fenômenos distintos. A autoconfiança dos narcisistas saudáveis provém de sua sólida auto-estima, que os ajuda a encarar situações de estresse com facilidade. Além disso, essa auto-estima sólida aumenta a capacidade do indivíduo de relacionar-se bem com as outras pessoas, ter empatia com elas, apoiá-las e gozar da de verdadeira amizade e intimidade nos relacionamentos. Mesmo parecendo ser conseqüência da sua forte autoconfiança, a grandiosidade exibida pelos indivíduos  ND é, freqüentemente, uma reação (uma tentativa de O verdadeiro Cristão diz: não de obras, para que ninguém se glorie, somente por causa do amor de Deus!!esconder) a sua frágil auto-estima. Quando estão em uma situação de estresse que ameaça ou diminui sua frágil auto-estima, esses indivíduos  podem ter sérias reações, como cair em depressão e se enfurecer. Enquanto os narcisistas saudáveis apresentam uma sólida auto-estima que os leva a se preocuparem com os direitos e o bem-estar do próximo, os indivíduos  ND não respeitam os direitos alheios e são, na maioria das vezes, arrogantes, menosprezando e explorando as outras pessoas. Por fim, um narcisista saudável pode até apreciar poder, riqueza e admiração, entretanto, não é obcecado por isso, como os gestores ND. O narcisismo saudável e o destrutivo são fundamentalmente diferentes, apesar de ambos sustentarem a capacidade dos indivíduos em parecerem seguros.

Narcisismo Destrutivo: características determinantes

As características determinantes dos narcisistas destrutivos são grandiosidade (sentimento grandioso de sua própria importância, arrogância, preocupação com o poder e a riqueza, busca excessiva pela admiração), sentimento de ter direito a tudo, podendo para isso explorar os outros, a falta de preocupação e menosprezo pelo próximo. Geralmente, as características que acompanham os traços principais da personalidade desses indivíduos são a falta de um vínculo duradouro a um sistema de valores e um vazio interno que os levam a procurar emoção apesar do alto risco. Muitas vezes, indivíduos narcisistas destrutivos não percebem que seu comportamento é um problema para os outros, e mesmo se o reconhecem, não estão preocupados com o impacto pernicioso que seu comportamento pode ter em outras pessoas.


Aspecto clínico 

A partir da descrição acima sobre o mito de Narciso, pode-se observar que as característica nele relatada  estão presentes em todos nós; por vezes, elas até se tornam predominante, por exemplo, quando adoecemos fisicamente e passamos a solicitar atenção e cuidados especiais. Em alguns casos, a vida emocional da pessoa centraliza-se em torno de uma exagerada relação que apresenta consigo própria e de uma distante e pobre interação com os outros, configurando o quadro do paciente narcisista, cuja características clínicas principais descreveremos a seguir. Entretanto, observa-se também que todos os pacientes em psicoterapia ou análise apresentam reações desse tipo, particularmente nos momentos de separação ou de melhora durante o processo terapêutico. Torna-se, assim, indispensável ao psicoterapeuta o analista reconhecer e tentar interpretar essas manifestações narcísicas o mais rápido possível, pois levam, pois levam facilmente a importante fonte de existência ao tratamento. 
Segundo os critérios do DSM- IV- TR o transtorno da personalidade narcísicas apresenta como manifestações principais um padrão global e persistente de grandiosa, necessidade de admiração, falta de empatia e inveja crônica e intensa ( Cloninger e SVaakic, 2000). 
Abaixo listamos alguns pontos que o analista deve considerar no diagnóstico: 

atribui um grau excessivo de auto - importância, ou seja, exagera suas realizações e talentos, espera ser reconhecido como superior, mesmo sem conquistas comensurável; 
preocupa com fantasias de sucesso, poder brilho, beleza e amor ideal ilimitado; 
acredita ser especial e único  e somente pode ser compreendido;
necessita de admiração excessiva; 
espera receber tratamento especial e obediência automáticas suas expectativas; 
tira vantagem dos outros para atingir seus objetivos; apresenta carência de empatia, sendo incapaz de se identificar com os sentimentos ou necessidade alheia; 
sente inveja com uma frequência acima do normal ou crê que é invejado, e 
manifesta comportamento arrogante. Destaca-se, nesses pacientes, uma exagerada preocupação com aparência, qual é constantemente monitorada é observada; pequenos defeitos é intensamente valorizado. 

Apresentam uma necessidade exagerada de serem amados e admirados, buscam sempre aprovação e elogios e se sentem muito lisonjeados quando isso ocorre. Ao contrário, sentem terrivelmente infelizes e inferiores quando criticado ou rejeitado( Lewkowicz, 19993) , o que nos alerta para a contradição que manifestam, já que oscilam de um um conceito hipertrofiado de si mesmo para sentimentos de acentuada inferioridade( Kernberg, 1984). 
Acabam também por estabelecer preferencialmente relações que lhe proporcionem algum benefício; idealizam as pessoas capazes de lhes dar algo e depreciadas e-mails, particularmente seus ídolos anteriores, o que leva Kernberg(1884) a considerá-los exploradores e parasitários. Além disso, não conseguem aproveitar o que recebem, em função da grande inveja que isso lhes desperta, permanecendo constantemente insatisfeitos e queixosos com os mais próximos.
Embora sejam totalmente dependentes dos elogios e da admiração dos outros, na realidade não consegue formar uma verdadeira dependência, o que acaba por trazer dificuldades no estabelecimento da relação terapêutica( Kernberg, 1884; Dorfman e cols,, 2003).
De acordo com a contradição mencionada, sua sensação de engrandecimento da auto- estima não se deve à conquistas pessoais, ao contrário, é decorrente é uma intensa desvalorização, rejeição e abandono dos objetos, lembrando o mito de Narciso. Maldotado (1993) assinala como paciente com funcionamento narcisista precisa de presença é um objeto para poder rechaçá-lo e demonstrar que não necessita de, e é sobre a base dessa rejeição que o narcisismo se estrutura. No entanto, ao rechaçar o objeto  o  paciente rechaça suas representações, tendo assim sua capacidade simbólica prejudicada, o que leva a profundas alterações na própria personalidade.

Kernberg (1984) escreve como o quadro da personalidade narcisista é amplo, englobando um conjunto que que inclui os casos mais leve, nos quais o paciente se encontra aparentemente bem, apenas com sintomas de sensação de vazio ou de depressão; os intermediários, nos quais a sintomatologia narcísicas é mais evidente; os mais graves, em que sintomas da linha borderlaine se mesclam com os de linha narcísicas, particularmente na impulsividade, culminando na situação clínicas que o autor denominou de "narcisismo maligno". Nesses casos, ocorre o trunfo sobre a dor  e o sofrimento pessoal quando o paciente inflige esta mesma dor e sofrimento aos outros com o prazer sádico na agressão, situação que também ocorre quando sintomas anti-social se combina com os narcisistas. 


As causas do narcisismo destrutivo

O que faz com que uma pessoa se torne um narcisista destrutivo? Discutiremos duas interpretações gerais: as teorias psicodinâmicas e a teoria da aprendizagem social.

Teorias comportamentais psicodinâmica 

As teorias comportamentais psicodinâmicas concentram-se nos efeitos que as primeiras experiências da infância exercem sobre a formação dos aspectos psicológicos do indivíduo. Essas teorias defendem a idéia de que o ND surge quando se é criado em um ambiente em que os pais são sempre frios e dissimuladamente agressivos. A figura parental é eficiente no aspecto superficial, mantendo a casa aparentemente em ordem. Porém, ao demonstrar insensibilidade e indiferença em relação aos desejos do filho, essa figura parental revela uma agressão não verbalizada que prejudica a percepção da criança em relação a si mesma. Ao mesmo tempo, percebendo ter qualidades que despertam inveja, a criança constrói em si uma proteção contra o sentimento de não ser amada. Os pais, quando frios e indiferentes, impossibilitam o desenvolvimento de uma auto-estima sólida. Algumas pessoas criadas assim, tornam-se inseguras ao lidar com o mundo exterior. Outras se concentram em algumas de suas qualidades a fim de criar em si mesmas a idéia de que são únicas e especiais. Para fortalecer sua frágil auto-estima, tornam-se grandiosas e menosprezam as outras. O mecanismo de defesa que controla o funcionamento da personalidade narcisista destrutiva é polarizador. Eles vêem as pessoas e situações em preto e branco, isto é, como sendo totalmente más ou totalmente boas, sem variações de cinza. Essa imagem simplificada que fazem dos outros leva-os a idealizar as pessoas ou então a temê-las e odiá-las. E mais, a pessoa que eles     idealizavam ontem pode ser menosprezada e odiada amanhã. A projeção é outro de seus importantes mecanismos de defesa. A fim de conservar uma imagem positiva de si     mesmos, projetam tudo o que têm de negativo nos outros, desvalorizando-os. Já que sua auto-estima é frágil, impossibilitando-os de assumir erros, eles negam sua culpa pelos problemas e incriminam os outros.

A teoria da aprendizagem social

A teoria da aprendizagem social, de Bandura (1977), dá nova interpretação ao desenvolvimento do comportamento narcisista destrutivo. Essa teoria argumenta que muito do nosso comportamento é aprendido a partir da observação dos outros. As pessoas experimentam comportamentos que observaram nas outras, e depois os aprimoram de acordo com o feedback recebido. A internalização de um comportamento observado é mais provável quando as pessoas imitadas possuem status e, o observador, baixa auto-estima. O comportamento é também influenciado pelos padrões internamente desenvolvidos acerca do que é correto. Tais padrões surgem a partir da experiência dos limites impostos na infância e da observação de como amigos e adultos impõem limites às próprias atitudes. Ou seja, de acordo com a teoria da aprendizagem social, o com- portamento é influenciado pelo reforço direto (receber incentivo ou castigo diante de determinado comportamento), pelo reforço indireto (observar outras pessoas receberem incentivo ou castigo por algum tipo de comportamento), e pelos padrões auto-impostos.
Pela ótica da teoria da aprendizagem social, o comportamento ND surge quando o indivíduo observa pessoas se comportando de forma imponente e egocêntrica, sentindo-se bem com tal atitude e nada perderem; experimenta o mesmo comportamento e também nada perde. Aqueles que gozam de grande poder e glamour geralmente aprendem a ser grandiosos e egocêntricos, já que as pessoas que os cercam costumam tratá-los com grande diferença e bajulação, não passando nenhum feedback negativo quando faltam com diplomacia ou consideração às necessidades dos outros. Dizem que se você tem poder, você provavelmente não é tão esperto, engraçado ou bonito quanto as pessoas dizem que você é.
As teorias da aprendizagem social e da psicodinâmica são teorias gerais do comportamento humano. A da aprendizagem social, principalmente, descreve a si      mesma como uma alternativa às interpretações psicodinâmicas da personalidade. Para compreender o comportamento humano, os teóricos psicanalíticos concentram atenção na experiência interior individual, no significado atribuído aos acontecimentos, e como a experiência interior de uma pessoa é influenciada pelas experiências vivi- das durante os primeiros anos de vida, fase em que se desenvolvem os mecanismos de defesa e as relações de objetos internalizados, e que as fixações estabelecem a estrutura dos conflitos inconscientes.
Por outro lado, os teóricos da aprendizagem social concentram atenção em como as eventualidades do meio (experiências de reforço positivo e negativo) moldam o comportamento das pessoas. Apesar das diferenças, não há motivo que impeça que ambas as teorias façam parte da base que sus- tenta a compreensão do comportamento humano. Tanto as experiências vividas na primeira infância como o re- forço de comportamento que se dá por toda a vida podem levar ao padrão comportamental que identificamos como narcisismo destrutivo.
Pela simples observação, pode ser impossível distinguir o indivíduo que aprendeu o narcisismo destrutivo daquele que o desenvolveu através de uma estrutura psicodinâmica. Existem, porém, diferenças importantes. A fragilidade da auto-estima daqueles cujo narcisismo tem base psicodinâmica os deixa suscetíveis à “raiva narcisista” quando contestados ou criticados. A raiva narcisista é caracterizada por sua alta intensidade e pelo fato de o indivíduo ficar fora de si, podendo suas reações tornarem-se prejudiciais a ele próprio e aos outros. Já os indivíduos que aprenderam o narcisismo não possuem, necessariamente, uma auto- estima frágil e, portanto, não são tão suscetíveis à agressividade narcisista quando contestados. Porém,pode ser que não aprendam a impor limites às suas explosões de raiva, já que as pessoas à sua volta não lhe dão o feedback negativo. Os indivíduos cujo narcisismo tem base psicodinâmica são menos capazes de compreender as outras pessoas e de perceber problemas em seu próprio comportamento, se comparados àqueles que aprenderam a ser narcisistas. Além disso, a grandiosidade dos indivíduos com narcisismo de base psicodinâmica vai muito além dos limites da realidade do que aquela dos indivíduos com narcisismo aprendido. Estes não possuem os aspectos mais malignos do narcisismo destrutivo, como a paranóia. A diferença, fundamental é que o narcisismo que se aprende não está tão “atado” quanto o que tem base psicodinâmica. Quando sentem que seu comportamento está causando problemas, os indivíduos cujo narcisismo foi aprendido conseguem, no geral, mudar suas atitudes de for- ma significativa, ao passo que aqueles com narcisismo de base psicodinâmica costumam ficar enfurecidos, e até paranóicos, quando enfrentam problemas decorrentes de sua forma de agir.

Aspectos psicodinâmicos

Os aspectos psicodinâmicos do paciente narcisista são os mesmos presentes na manifestação narcísicas dos outros pacientes, variando apenas sua intensidade e persistência, assim torna-se indispensável compreender o funcionamento desse transtorno da personalidade. 

Vejamos: 
Freud (1914) descreveu os aspectos relacionados com o narcisismo normal, presente no desenvolvimento do indivíduo. Detalhou um período de narcisismo primário, no qual o investimento da libido se faz para o ego é só posteriormente para os objetos. Quando ocorre alguma frustração ou dificuldade nessas relações, a libido é retirada dos objetos e retorna ao ego, configurando o que Freud achamos de narcisismo primário. Freud considerou também um tipo de escolha objetal narcísicas envolvida na eleição é um objeto homossexual - por razões narcísicas, amar-se a si mesmo em um objetado mesmo sexo -, dinâmica essa que parece predominante em alguns pacientes homozesuais atuais. Embora Freud não tenha abordado diretamente quadros clínicos narcisista, na realidade trabalhou com esse tipo de manifestação clínica, por exemplo, o caso de " homens do lobos". 
Klein( 1946), ao introduzir o conceito de identificação projetiva, amplia a compreensão do narcisismo, considerando-o sob duas formas: a primeira, segundo Freud, como uma relação de objeto narcisista ( como na escolha objetal homossexual); a segunda, que chama de estado narcisista, como a retirada da libido para um objeto interno do paciente, que pode estar dentro do indivíduo, projetado em outro objeto ou em ambos, por identificação projetiva (Favalli, 1996).
Klein também não abordou diretamente esses quadros clínicos, mas favoreceu sua compreensão  e os desenvolvimento que se seguiram, particularmente com seus estudos de 1957 sobe inveja.
Rosenfeld (1964), afirma que para ele, o que Freud conserva narcisismo primário se tratava de relações de objeto primitivo, ampliando assim as ideias de Klein. Atribui também um papel proeminente para onipotência nesses pacientes, especialmente por meio de fantasias de união ou fusão completa com o objeto. Assim, explica de que modo as relações de objeto narcisista funcionam como uma defesa para o reconhecimento da separação. A percepção da separação é evitada, pois implica sentimentos de dependência e valorização do objeto, levando a intensa sensações de frustração é inveja. Rosenfeld, ainda assinala, o quanto, nesses pacientes, é característica a projeção de seus aspectos indesejáveis no objeto. No tratamento o terapeuta é desvalorizado, utilizado com latrina. A realidade psíquica não pode ser percebida, pois qualquer sentimento ou sensação desagradáveis é imediatamente evacuado para dentro do objeto e sentido como percepção a ele, levando-a intensas ansiedades paranóide ( Rosenfeld, 1964). Isso pode explicar a formação de um verdadeiro círculo vicioso no tratamento desses paciente, pois quando começam a melhorar e a perceber sua realidade psíquica, esse fato  serve de estímulo para reiniciar todo processo defensivos desencadear reações terapêuticas negativas(Tucket, 1987).
Rosenfeld, introduz o seus conceito de fusão patológica DNAs pulsões, quando ocorre um reforço do poder dos impulsos destrutivos. Considera também essencial diferenciar os aspectos libidinais e destrutivos do narcisismo, noque é criticado por Steiner(1987), pois o libidinal facilmente se converte em destrutivo assim que a idealização é atacada. Rosenfeld explica que os aspectos libidinais  se manifestam por uma idealização do self, conduzindo a uma sensação de engrandecimento deste. Isso se baseia em identificações projetiva e introjetivas onipotentes com objetivos externos bons e suas qualidades. O paciente sente, então, que tudo que é valioso faz parte  de si, lhe pertence ou é por ele controlado.
Em relação aos aspecto destrutivo do narcisismo, também ocorre uma idealização do self, só que agora das partes destrutivas onipotentes destes. Elas atacam tanto as relações  de objeto positivas quanto as partes libidinais do próprio self que tem necessidade de um objeto e que desejam depender dele. Essas partes destrutivas permanecem frequentemente disfarçada, silenciosas  e excluídas, o que obscurece sua existência, mas  continuam impedindo as relações de dependência do paciente com os outros, mantendo os objetos externos constantemente desvalorizados, o que deixa o narcisismo, em aparência, indiferente às pessoas e ao mundo.
Em geral, nos pacientes narcisista coexistem aspectos libidinais e destrutivos . Quando o paciente percebe o objeto como separado do self - por exemplo, no tratamento , quando o terapeuta é vivenciado  como independente  é fonte de vida e de coisas boas - pode ocorrer dois tipos de reação: a) se predominam aspectos libidinais, a destrutividade se manifesta logo que a idealização do self é ameaçado pela constatação de que o objeto externo contém as qualidades  valorizadas  que o paciente atribuía a si próprio, o que o leva a senti-se muito humilhado e tendo consciência de seus intensos sentimento é inveja; b) quando predomina os aspectos destrutivos, a inveja é mais violenta , e o objetivo do paciente e destruirá  seu terapeuta.

Assim, o paciente tenta acreditar que ele deu a vida a si mesma e é auto-suficiente. Quando se defronta com o fato de depender do terapeuta, representante dos pais, prefere morrer, não existir, negar seu nascimento  e destruir o progresso e a compreensão adquiridas no tratamento. Nesses momentos é comum o paciente interromper sua psicoterapia  ou análise  e começar a agir e maneira auto-destrutiva, perturbando o desempenho profissional e os relacionamentos pessoais.
Em alguns pacientes, após certo desenvolvimento terapêutico, a parte libidinal aparece, mostrando, particularmente, preocupações com relação com o analista. Em outros, no entanto, esses impulsos destrutivos parece estar constantemente ativos e dominar toda a
 personalidade do paciente, manifestando-se por meio de ataques explícitos ou implícito ao trabalho terapêutico. Os pacientes acabam se sentindo indiferente e triunfante sem relação aos outros, inclusive a seus terapeutas funcionam como se tivessem matado sua parte libidinal, infantil, dependente e amorosa, identificando-se totalmente com a parte narcísicas e destrutiva do self, a qual lhes fornece uma sensação de superioridade e auto-admiração.  
O tratamento de escolha para a personalidade narcisista é psicanálise, devido à intensidade e profundidade das mudanças que é capaz de propiciar. Quando não há possibilidade de utilização de análise, a psicoterapia de orientação analítica  é uma alternativa de grande valia. 

Por fim, o narcisismo destrutivo  desses pacientes mostra-se altamente organizado , como uma quadrilha ou gangue muito poderosa comandada por um líder que controla todos os seus membros com objetivo de manter no poder a parte destrutiva dentro de você.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FAVALLI, P.H. O narcisismo: Revista de psiquiatria do Rio Grande do Sul, v6, p. 108-113, 1996, suplemento.
Klein, M. ( 1957) inveja e gratidão. In: inveja e gratidão e outros trabalhos . Rio de Janeiro: Imago, 1991.